Fernando Mateus terá um último adeus
este sábado, no início da tarde, no Cemitério de Rio de Mouros em
Sintra.
Figura tutelar de várias gerações,
foi presença constante na grande maioria dos festivais portugueses
de cinema e testemunha interventiva nas mudanças do cinema português
das últimas décadas.
Jornalista e crítico de cinema, com
profuso trabalho publicado em diversas suportes, foi na web e na
rádio onde durante mais tempo teve uma forte presença. Em 1994
criou o site “FM-Media.net” acompanhando os filmes, os
acontecimentos e os festivais que foram dando vida ao cinema em
Portugal. De forma inédita, fundou e dirigiu o programa de rádio
semanal “Grande Écran”, difundido por dezasseis estações de
rádio, cobrindo cerca de 80% do país e só interrompido por razões
de saúde, na edição 516. Nos últimos anos dirigiu e programou o
canal de televisão ‘Grande Écran TV’, exclusivamente dedicado
ao cinema.
O Festival de Cinema AVANCA
atribuiu-lhe o Prémio Amizade, recebeu-o como membro de júri e em
1999, no workshop “Filmar a Natureza”, Fernando Mateus coordenou
os trabalhos propostos pelo realizador alemão Jan Arnold.
Foi nos festivais de cinema que Mateus
parece ter estado mais presente. De alguma forma parece ter sido no
antigo Festival de Cinema da Figueira da Foz que iniciou a sua
actividade de programação, apresentação e desenvolvimento de
projetos ligados à formação e literacia fílmica. Foi um dos
principais apoios do Dr. José Vieira Marques na direcção deste
mítico festival.
Tendo leccionado no Curso de Cinema da
Universidade Moderna, foi autor do livro “A linguagem do cinema de
animação” editado em 2004 pelo Centro Nacional de Banda Desenhada
e Imagem (CNBDI), Amadora.
Na área de cinema, colaborou em
diversas publicações, nomeadamente nos jornais “24 Horas”,
“Jornal de Sintra”, “Diário das Beiras”, “Diário do Sul”,
“Sintra Ilustrado”, “Boletim 921”, “Correio da Cidade” e
a “Revista de Cinema” da FPCC. De forma constante, fez a
cobertura jornalística de mais de uma dezena de festivais no nosso
país e alguns no estrangeiro, casos de San Sebastián (Espanha) e
Gramado (Brasil).
Tendo frequentado o curso de Engenharia
Electrotécnica do Instituto Superior Técnico, seria o cinema a
ocupar o resto de toda a sua vida.
Em 1969 foi membro da Direcção do
“NCI - Núcleo de Cineastas Independentes”, onde dirigiu diversos
filmes em múltiplos suportes. O vídeo viria a ocupar uma boa parte
do seu tempo, tendo desenvolvido uma crescente actividade como
produtor de obras documentais.
De espírito livre, de humor sempre
presente e uma jovialidade natural, Fernando Mateus viveu longos anos
numa tenaz luta contra a doença que agora o terá vencido.
Ao cinema português irá faltar esta
presença constante, este apoio sempre presente, esta voz crítica e
sobretudo dialogante.
Conheci o Fernando Mateus nas lides do FaceBook e muito naturalmente simpatizámos trocando assiduamente posts e comentários, por vezes mordazes, mas sempre com o bom humor e assertividade que sempre lhe conheci. Foram bons anos e senti o Fernando Mateus como um verdadeiro amigo, não desses virtuais que nada nos dizem, mas como se de facto o conhecesse e com ele privasse no dia-a-dia. Foi um choque quando uma amiga real mútua me comunicou a sua partida. Senti-me injustiçada e privada de uma das grandes e boas companhias diárias deste mundo virtual. Estarei a ser egoísta talvez... mas lido muito mal com estas partidas que já me levaram tanta gente boa!!!
ResponderEliminarFicará sempre na minha memória...um até já e descansa em paz até ao nosso reencontro.
P.S. (Sei que eras ateu, mas perdoa-me a minha fé agora que encontraste o teu Criador)!