quarta-feira, 25 de junho de 2025

QUANDO A GUERRA VOLTA À EUROPA, O CINEMA DE RADOVANOVIC CONTINUA A FALAR MAIS ALTO

Retrospectiva dedicada ao cineasta sérvio Goran Radovanovic marca mês de julho no Teatro Aveirense

Durante todo o mês de julho, o o 29.º AVANCA – Festival Internacional de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia, em colaboração com o Teatro Aveirense e a Plano Obrigatório, promovem uma retrospectiva dedicada ao consagrado realizador sérvio Goran Radovanovic. Esta iniciativa integra, em parte, a programação oficial do Festival AVANCA, prolongando-se em Aveiro num gesto de descentralização e expansão cultural.

A mostra oferece ao público português uma rara oportunidade de revisitar a obra de um dos mais relevantes cineastas da atualidade na Sérvia, cuja filmografia se distingue por uma intervenção política constante e um olhar profundamente crítico sobre os conflitos que marcaram o desmembramento da antiga Jugoslávia — a última grande guerra na Europa do século XX.

A programação tem início com a exibição da mais recente longa-metragem de Radovanovic, O Rei dos Elfos (2024), filme premiado na última edição do Festival AVANCA. Este novo trabalho volta a mergulhar nas feridas abertas pela guerra dos Balcãs, reafirmando a força autoral e o compromisso ético do realizador.

Goran Radovanovic estará presente em Aveiro para participar nesta retrospectiva e apresentar pessoalmente um dos seus filmes, proporcionando um encontro direto com o público e um momento de diálogo único sobre cinema, política e memória.

O cineasta é já uma presença destacada e reconhecida no festival AVANCA, onde foi anteriormente premiado com obras como Chicken Elections (2005), A Ambulância (2009) e O Enclave (2015).

Esta retrospectiva, que inclui sessões especiais e conversas com especialistas em cinema e história contemporânea, afirma-se como um dos pontos altos da programação cultural de verão em Aveiro, e uma oportunidade ímpar para refletir, através da sétima arte, sobre os ecos de um passado recente que ainda hoje marca a Europa.

O AVANCA tem este ano a sua 29 edição e é uma organização do Cine-Clube de Avanca e do Município de Estarreja com o apoio do ICA/Ministério da Cultura, Instituto Português do Desporto e da Juventude, Turismo Centro, Junta de Freguesia e Paróquia de Avanca, Agrupamento de Escolas de Estarreja, para além de várias organizações internacionais e entidades locais.

domingo, 22 de junho de 2025

DESAPARECE EURICO BASTOS, UM HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR

Faleceu hoje Eurico Bastos.

Um cancro roubou-lhe tudo.

Nasceu em Estarreja há 49 anos e desde cedo acompanhou o pai nas suas reportagens de vídeo.

A paixão pela câmara de filmar fez parte de toda a sua vida.

No Cine Clube de Avanca encontrou outros horizontes e participou ativamente em diversos projetos de filmes. Tendo participado na equipa de trabalho de casting da primeira longa-metragem da animação portuguesa “Até ao Tecto do Mundo” (2006), trabalhou na montagem de filmes de ficção como “O Beijo” (2002) ou a animação “A Minha Casinha” (2014).

Encontrando o seu caminho no jornalismo televisivo, era repórter de imagem da SIC desde 1988, em grande parte fazendo trabalhos comuns com o jornalista Paulo Ravara. Ao longo destes anos percorreram em conjunto quase todos os recantos e acontecimentos do distrito de Aveiro.

O Cine Clube de Avanca perde um apoio e uma parte de tempos de esperança. Na sede, sempre em construção, uma das suas pedras encarregar-se-á de não esquecermos o seu nome.


domingo, 1 de junho de 2025

IRÃO E EGITO SÃO OS VENCEDORES DO FESTIVAL DE CINEMA DO PÃO DE ALBERGARIA-A-VELHA

“Gageriv ” é o grande vencedor do “7º Do Pão Festival Internacional de Cinema Documental de Albergaria-a-Velha”, encerrando 5 dias do único festival de cinema sobre pão.

Realizado no Irão por Mahmoud Kameli, este filme ganhou o Prémio Melhor Longa-metragem.

Sendo um documentário que parte do pão para revelar, com sensibilidade e rigor visual, a vida de uma comunidade iraniana marcada por pobreza e exclusão. A narrativa poética equilibra observação e representação, destacando o desejo de mudança dos mais jovens face a um quotidiano adverso. Segundo o Júri, “o filme transmite uma realidade local que ecoa preocupações universais”. 

O Prémio Melhor Curta-metragem foi atribuído ao filme “O Produto” do cineasta egípcio Mohamed H. Salama.

Este documentário comovente retrata uma família egípcia dividida entre um ofício ancestral e o desejo de superação. Com linguagem visual contida, centra-se nos gestos do trabalho e no conflito entre herança e futuro, revelando grande subtileza autoral. Uma obra que o júri considerou “simples forte e que emociona sem ceder à romantização”.

O júri de cinema foi constituído pela produtora grega Katia Pantazi, pela realizadora ucraniana Ganna Yarovenko, pelos realizadores Rui Nunes, Joaquim Pavão e João Católico, pelas atrizes Alexandra Carvalho e Isilda Mesquita, pelo produtor Nelson Martins, pelo poeta António Souto, pelo músico e cantor Miguel Ramiro, pelo arquiteto Gil Moreira e pelo encenador Vítor Valente.

O festival de cinema decorreu em paralelo com o Festival do Pão de Portugal, tendo sido marcado por uma excelente afluência de público presente nas sessões do festival e que esgotou os lugares disponíveis para cada um dos workshops que decorreram nestes dias.

O Do Pão – Festival Internacional de cinema Documental é uma organização conjunta do Município de Albergaria-a-Velha e Cine Clube de Avanca, com o apoio do ICA / Ministério da Cultura, para além do Instituto Politécnico de Bragança, Agrupamento de Escolas de Albergaria-a-Velha e Jobra – Associação de Jovens da Branca.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

SÉRGIO GODINHO EM FILME RODADO EM ALBERGARIA-A-VELHA COM LUÍS SEQUEIRA, NOMEADO PARA 2 ÓSCARES, ABRE FESTIVAL DE CINEMA DO PÃO.

É já próxima quarta feira dia 28, pelas 21h no Cineteatro Alba, que se dá inicio ao DO PÃO - Festival Internacional de Cinema Documental e que vai acontecer em Albergaria-a-Velha até domingo 1 de junho. 

A Cerimónia de Abertura do festival será marcada pela exibição do filme “Era Uma Vez no Apocalipse” de Tiago Pimentel que tem a particularidade de ter sido rodado em Albergaria-a-Velha.

Luís Sequeira, famoso figurinista nos EUA onde por 2 vezes foi nomeado para os Óscares, foi o responsável por o filme ter sido rodado nas paisagens de Albergaria, terra dos seus familiares. No filme, Sequeira assina o design de produção e os figurinos.

Protagonizado por Sérgio Godinho, que por esta interpretação foi distinguido com o Prémio de Melhor Ator no último Festival AVANCA, conta também com Paulo Calatré e Mariana Pacheco nos principais papeis.

A história do filme passa-se após uma guerra nuclear, onde os regimes totalitários perturbam a ordem mundial. Ernesto (Sérgio Godinho) esconde um segredo e, quando um inspetor do governo lhe aparece à porta, desenrola-se um jogo de gato e rato, com potencial para acabar em tragédia.

Na cerimónia de abertura intervirá ainda Daniel Tércio, autor natural de Aveiro e académico da Universidade de Lisboa, que irá apresentar o seu livro “Linhas de Tensão”. Este momento associa-se ao workshop “Amassar coisas, imaginar o futuro” que a conhecida coreografa Vera Mantero irá dirigir ao final da tarde da mesma quarta-feira e também no Cineteatro Alba.

Esta oficina procura estimular a criatividade dos participantes e, tal como o filme de abertura, procura uma visão prospectiva do futuro próximo (2028 surgirá como baliza cronológica).

A Cerimónia de Abertura do festival contará ainda com a exibição das primeiras curtas metragens em competição, vindas do Brasil e da China, onde o pão é o mote de todos os filmes.

O primeiro dia do festival irá iniciar-se com uma exibição especial da longa-metragem “Já Nada Sei”, que Luís Diogo rodou no concelho vizinho de Oliveira de Azeméis. Este filme,  tem na poesia de António Gedeão uma presença marcante. A poesia irá estar de novo presente no festival Do Pão, no sábado, com a apresentação do livro “Até ao Nada” do poeta António Souto.

DO PÃO - Festival Internacional de Cinema Documental participa da grande festa que todos os anos acontece no centro de Albergaria-a-Velha com o Festival do Pão de Portugal, reunindo o melhor do pão do nosso país. 

Ambos os festivais são eventos do Município de Albergaria-a-Velha e o festival de cinema tem organização do Cine Clube de Avanca com o apoio do ICA, Ministério da Cultura.



sexta-feira, 16 de maio de 2025

DO PÃO – UM FESTIVAL DE CINEMA ÚNICO ONDE O PÃO É O PROTAGONISTA

Albergaria-a-Velha vai receber no final deste mês o único festival de cinema do mundo dedicado exclusivamente aos documentários sobre o pão.

A decorrer entre quarta-feira 28 de maio e domingo 1 de junho, o festival acontece no Cineteatro Alba, na Biblioteca Municipal e no espaço onde irá decorrer o Festival do Pão de Portugal.

Tendo nascido em estreita ligação a este evento festivo que anualmente trás a Albergaria-a-Velha milhares de visitantes, o Festival de Cinema acompanha o Festival do Pão de Portugal, abrindo uma dimensão internacional muito significativa e crescente.

Este ano o festival recebeu 2785 filmes de 131 países, tendo o júri de seleção escolhido 23 filmes que se candidatam aos prémios de curta e longa-metragem.

O Município de Albergaria-a-Velha atribui, como habitualmente, um prémio de 2.000 euros para o melhor documentário de longa-metragem e 1.000 euros para a melhor curta metragem.

Portugal com 74 filmes inscritos, foi um dos que mais filmes apresentou a concurso. Os países que mais filmes inscreveram foram o Irão com 256 filmes, o Brasil com 222, a Índia com 218, Espanha com 142, a Turquia com 121, a China com 103, Itália com 100, França com 99, Estados Unidos com 86, Argentina também com 86 e o Egito com 83 filmes.

Números que espelham bem a dimensão da atual produção mundial de cinema.

Durante o festival haverá espaço para a realização de workshops e para a apresentação de livros.

O primeiro dia do Festival Do Pão é marcado pelo workshop da coreografa Vera Mantero  “amassar coisas, imaginar o futuro” e pela apresentação do livro “Linhas de Tensão. Arte, dança e ecologia” de Daniel Tércio.

A inscrição nos workshops está já disponível no site do festival em:

        dopaofilmfestival@gmail.com

Procurando uma complementaridade onde filmes, oficinas e livros possam estimular debates mais robustos, tenciona-se assim um encontro mais estimulante entre artes, ideias e públicos.


O Festival Do Pão, que acontece desde 2016, é uma organização do Cine Clube de Avanca e do Município de Albergaria-a-Velha e conta com o apoio do ICA / Ministério da Cultura.

quinta-feira, 27 de março de 2025

AZNAVOUR, LULU E OS “REALITY SHOWS” NO TEATRO AVEIRENSE


“Os Filmes das Nossas Terças” trás em abril um ciclo de cinema sobre o mundo do espetáculo.

É já dia 1 de abril, pelas 21h30, que “Monsieur Aznavour” é exibido no Teatro Aveirense, abrindo um ciclo de filmes que decorre durante o mês de abril sobre o mundo do espetáculo.

“Monsieur Aznavour” é um filme que nos faz descobrir o percurso excecional e intemporal de Charles Aznavour.

Filho de refugiados, pequeno, pobre, nada parecia indicar que pudesse conquistar o sucesso. Mas com trabalho e uma perseverança incomum, Aznavour tornou-se um monumento da canção, um símbolo da cultura francesa. Com centenas de canções, interpretadas em várias línguas, concertos no mundo inteiro, inspirou músicos de todas as gerações.

Realizado por Mehdi Idir e Grand Corps Malade, Aznavour é interpretado por Tahar Rahim que surge no filme acompanhado por atores como Bastien Bouillon, Marie-Julie Baup, Camille Moutawakil, Ella Pellegrini, Hovnatan Avedikian e Julien Campani.

 Com uma carreira iniciada aos nove anos no Théâtre du Petit Monde, o pequeno arménio nascido em Paris em 1924, chamado Shahnour Vaghinak Aznavourian, veio a ter uma carreira longa, brilhante e única, sendo mundialmente conhecido como Charles Aznavour.

O pai cantor e a mãe atriz foram a base para a sua escolha pelo mundo da canção onde é ainda hoje considerado um dos maiores compositores da história da música.

Com um repertório imenso, Aznavour escreveu ou co-escreveu cerca de mil canções, gravou 1200, cantou em seis línguas, lançou 91 álbuns de estúdio e vendeu mais de 180 milhões de discos. 

No cinema, Aznavour participou em mais de 80 filmes e telefilmes.

Sempre próximo da Arménia, quando milhares de pessoas perderam a vida no terramoto de 1988, criou a fundação Aznavour Pela Arménia e gravou, com a colaboração de mais de 80 artistas, a sua canção "Pour toi Arménie", um registo filmado pelo cineasta também de origem arménia Henri Verneuil. Uma canção que vendeu mais de um milhão de discos.

Aznavour faleceu no dia 1 de Outubro de 2018, aos 94 anos, deixando um legado valiosíssimo na música e na cultura popular.

Ficou conhecida a sua frase “Nada na minha vida aconteceu por acaso... exceto eu talvez”.

O ciclo de cinema sobre o mundo do espetáculo continua na terça-feira dia 8 com o filme “LULU”, que contará com a presença do protagonista Kinjolas, e no dia 15 com “Diamante Bruto”.

“LULU”, é um filme escrito e protagonizado por Pedro Anjos, numa comédia onde ele tenta a sorte em Hollywood. O filme foi rodado em Águeda.  “Diamante Bruto” é protagonizado por Liane, uma jovem de 19 anos, atrevida e arrebatada que vê nos reality shows a possibilidade de ser amada.

Com produção e curadoria da Plano Obrigatório – associação de produtores cinematográficos e audiovisuais, de Aveiro, os “Filmes das Nossas Terças” são acompanhados pela exibição de curtas metragens produzidas na região.

Como habitualmente, o preço do bilhete é de 4€, permitindo um  desconto de 50% com o Pack de abril. A sessão de cinema conta com o apoio do ICA / Ministério da Cultura e do Município de Aveiro.

segunda-feira, 17 de março de 2025

ÉMILIE DEQUENNE, PREMIADA EM CANNES E NO FESTIVAL AVANCA, DEIXA UM LEGADO INESQUECÍVEL NO CINEMA

A atriz belga Émilie Dequenne faleceu ontem, aos 43 anos, vítima de carcinoma adrenocortical, uma forma rara de cancro. Dequenne ganhou destaque internacional aos 17 anos ao vencer o Prémio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 1999, pela sua interpretação no filme "Rosetta", dos irmãos Dardenne.

Em 2002, a atriz foi distinguida com o Prémio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Avanca pela sua participação no filme "Oui, mais...", dirigido pelo cineasta francês Yves Lavandier, onde contracenou com Gérard Jugnot. Este reconhecimento reforçou a sua ligação ao cinema português e ao festival que, este ano, celebra a sua 29ª edição entre os dias 23 e 27 de julho.

Ao longo da sua carreira, Émilie Dequenne participou em cerca de 60 produções de cinema e televisão, incluindo "O Pacto dos Lobos" (2001) de Christophe Gans, “Esta terra é nossa” (2017) de Lucas Belvaux e "Le Grand Meaulnes" (2006) de Jean-Daniel Verhaeghe. Foi nomeada cinco vezes para os prémios César, vencendo um em 2021. Em 2012, recebeu novamente o Prémio de Melhor Atriz na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes pelo seu papel no filme "À perdre la raison" de Joachim Lafosse.

A sua última participação de relevo foi no filme "Close", de Lukas Dhont, nomeado para Melhor Filme Internacional nos Óscares de 2023. A sua morte representa uma perda significativa para o cinema europeu, deixando um legado de interpretações marcantes que perdurarão na memória coletiva.

O Festival de Cinema de Avanca, que este ano se volta a realizar em julho, recorda Émilie Dequenne, o seu enorme contributo para o cinema europeu, nomeadamente para o cinema belga e francês, e presta homenagem à sua notável contribuição para a sétima arte.